Vestibular – A Escrava Isaura – Bernardo Guimarães – Questões
(PUCCAMP) Da questão 1 a 5, você vai usar o texto abaixo.
Texto crÃtico
“Embora seja importante indagar das razões por que público brasileiro dos anos de 1870 avidamente leu e com entusiasmo aplaudiu “A Escrava Isaura”, razões que encontram o principal motivo em onda então crescente de sentimento abolicionista – convenhamos em que muito mais importante o comportamento desse público é, para a crÃtica, a natureza desse romance.
Mesmo lido com simpatia, “A Escrava Isaura” não resiste à crÃtica. Seu enredo resulta em ser inverossÃmel, tais e tantos são os expedientes primários do Autor, usados para conduzir por determinados caminhos e para desenlace preestabelecido: em freqüentes ex-abruptos, mudam os sentimentos dos protagonistas com relação à bela e desditosa Isaura, e assim de protetores se transformam de pronto em pérfidos algozes, servindo à linha dramática premeditada pelo ficcionistas; não menos precipitada e artificialmente se engendram e desenrolam as situações ou episódios concebidos sempre com a intenção de marcar “passus” da vida “crucis” da desgraçada heroÃna, que, por fim, mais arrastada pelo autor que pelas forças do drama que vive, encontra no alto do seu calvário, ao invés do sacrifÃcio final (o que teria dado ao romance verossimilhança e força), a salvação e a felicidade de extrema.
Tão primário e artificial quanto enredo que domina a obra, dando-lhe tÃpica estrutura novelesca ou romanesca, é, não digo a concepção, mas o modo de conduzir personagens: Isaura, Malvina, Rosa, Leôncio, Ãlvaro, Belchior, André, o Dr. Geraldo, Martim e Miguel, se têm peculiaridades fÃsicas e morais que os caracterizam suficientemente e os individualizam na galeria das personagens da ficção romântica, se ocupam posições bem “marcadas” no palco dos acontecimentos, decomposto em dois cenários (uma fazenda de café da Baixada Fluminense e o Recife), não chegam contudo, a receber suficiente estofo psicológico: daà a impressão que deixam, não apenas de sÃmbolos dramáticos quase vazios, senão que também tÃteres (vá lá a cansada imagem) conduzidos pelo autor, para esta ou aquela ação indispensável, a seu ver, à s suas principais intenções”.
(Antônio Soares Amora, “O Romantismo“, vol. II da A Literatura Brasileira).
1. (PUCCAMP)Â Segundo o texto:
- “A Escrava Isaura” consagrou-se como um bom romance por causa da aceitação que teve entre o público leitor de 1870.
- “A Escrava Isaura” não é um bom romance porque o público leitor de 1870 o leu avidamente e o aplaudiu com entusiasmo.
- leitor deve ter muito cuidado ao ler ou aplaudir um romance, pois poderá consagrar uma obra medÃocre.
- “A Escrava Isaura” não é um bom romance para a crÃtica, embora o público o haja lido com entusiasmo, movido pelo sentimento abolicionista.
- “A Escrava Isaura” não pode ser considerado um bom romance por causa do sentimento abolicionista.
2. (PUCCAMP) Antônio Soares Amora diz-nos, no texto, que:
- a crÃtica, ao avaliar um romance, baseia-se na natureza da obra e não simplesmente nas reações do público leitor;
- a crÃtica ataca os romances que cativam a simpatia e o entusiasmo dos leitores;
- Bernardo Guimarães, ao escrever seu romance “A Escrava Isaura”, não se preocupou com a crÃtica e, sim, com a Abolição;
- é muito difÃcil a crÃtica avaliar romances de grande popularidade e aceitação;
- romance da natureza é para a crÃtica muito mais importante do que o comportamento do público leitor.
3. (PUCCAMP)Â Ainda, de acordo com o texto:
- enredo inverossÃmel de “A Escrava Isaura” resulta de um autor primário que se perde nos caminhos escolhidos para um fim determinado;
- os protetores de Isaura transformam-se em seus algozes, crucificando-a no final do romance;
- os recursos empregados pelo Autor forçam um defeso preestabelecido;
- a parte mais inverossÃmel do romance é a que assinala os “passus” da “via crucis” de Isaura;
- embora reconhecesse a inverossimilhança do drama, o autor via nela a salvação e felicidade extrema da heroÃna.
 4. (PUCCAMP) De texto concluÃmos que:
- de tal modo os episódios de “A Escrava Isaura” são dominados pela precipitação e artificialidade, que a ação resulta muito mais da inserção do Autor do que das forças do conflito;
- a tÃpica estrutura novelesca de “A Escrava Isaura” caracteriza-se pelo desenvolvimento do enredo, pela concepção das personagens e pelo desfecho;
- em “A Escrava Isaura” o Autor vive um drama cujas forças o arrastam a um calvário onde encontra, em vez do sacrifÃcio final, a sua felicidade;
- a bela e desditosa Isaura muda os sentimentos dos protagonistas, levando-os ao sacrifÃcio final, no alto do calvário;
- para a heroÃna é muito mais importante encontrar a salvação e a felicidade extrema do que o sacrifÃcio final, no alto do Calvário.
5. (PUCCAMP) O texto afirma que:
- as personagens Isaura, Malvina, Rosa, Leôncio, Ãlvaro, Belchior, Dr. Geraldo, Martim e Miguel são suficientemente caracterizados fÃsica, moral e psicologicamente;
- uma falha comparável no primarismo e artificialidade do enredo é a concepção das personagens de “A Escrava Isaura’;
- as personagens tÃteres cansam o leitor, à medida que o Autor as conduz a esta ou à quela ação indispensável ao enredo;
- as personagens, conduzidas de modo primário e artificial, sem profundidade psicológica, são como fantoches nas mãos do Autor;
- sem o artificialismo das personagens, “A Escrava Isaura” teria resistido à crÃtica.
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Gabarito de “A Escrava Isaura”:
1. d
2. a
3. c
4. a
5. e